sexta-feira, 18 de julho de 2008

Lágrimas de crocodilo...

“Sempre que acontece uma tragédia como essa do garoto de três anos que foi baleado e morto pela polícia, numa perseguição a bandidos, retorna-se, como sempre, à mesma retórica de que os policiais estão mal preparados. Mentira! Não estão não! Pelo contrário, eles estão fazendo e cumprindo exatamente aquilo que eles aprenderam dentro da Academia de Polícia, nos quartéis e também nas ruas. A polícia do Rio de Janeiro, e de todo o Brasil de uma maneira geral, é treinada e orientada para executar (somente no ano de 2007 foram registrados 1260 homicídios praticados pelos policiais do RJ).”
“Entretanto, o problema desse tipo de preparo e orientação é que os policiais acabam pensando que podem agir da mesma forma em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Eles não conseguem perceber que esse tipo de ação violenta e voltada para o extermínio só é permitida e tolerada nos morros, favelas e periferias e contra seus respectivos moradores que, por habitarem essas áreas, são colocados sob suspeição e criminalizados de forma imediata. Nessas localidades e contra essas pessoas eles podem atirar à vontade e ainda cantar que a sua missão “é invadir favela e deixar corpo no chão”. Prova disso é que uma criança de seis anos também foi assassinada a tiros pela polícia durante uma operação na favela do Muquiço, no dia 28 de junho, mas o fato não ganhou muito espaço na grande mídia. Porém, nesse caso, naturaliza-se o ocorrido, como se o valor da vida de uma criança, ou de qualquer outra pessoa, pudesse ser aferida pela sua condição social.”
“Portanto, a vida dessa criança de três anos que foi ceifada de maneira trágica, será apenas mais uma a fazer parte das estatísticas. Não haverá mudança na orientação e nem na preparação dos policiais porque a classe dominante brasileira não sabe e nem tem capacidade de dialogar com a massa da população, daí a necessidade de uma polícia desse tipo. O chamado “despreparo dos policiais” não passa de um eufemismo para esconder o fato de que ter uma polícia extremamente violenta, com o intuito de intimidar e, se necessário, eliminar aquele que se atrever a tentar afrontar a ordem vigente, é algo que se quis e que se programou meticulosamente. A ignorância, a intolerância e, mais ainda, o medo de perder seus privilégios e concessões são as características principais e inconfundíveis da elite política e financeira do Brasil.”



Leia o artigo na íntegrra em: http://www.redecontraviolencia.org/Artigos/350.html

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