sábado, 31 de outubro de 2009

Dia das Bruxas (e dos buchas...)


Bem, como muita gente já sabe, há cerca de uma semana, a jovem estudante Geyse dos Santos quase foi linchada na Uniban (um escolão particular dessas aí que oferecem cursos de dois anos por R$ 199,00 ao mês).

A onda de animosidade ao redor da garota, centenas de homens e mulheres gritando "PUTA, PUTA, PUTAAAAAAAAA!!!" e a intervenção da PM para escoltá-la numa espécie de corredor polonês para que não fosse agredida fisicamente, além de ser revoltante, expõe as vísceras podres da barbárie a que querem fazer-nos acreditar como sendo "normal".

Teria ela agredido, difamado, roubado, violentado, torturado ou matado alguém? Não, não! Como você bem sabe, caro leitor, a Geyse cometeu o crime hediondo de ir para a faculdade de saia curta.

Realmente, talvez não seja o lugar mais apropriado para se usar esse tipo de roupa, é consenso. Porém, alunos foram entrevistados para que a opinião pública pudesse entender o motivo de tanta selvageria.

A resposta de todos, homens e mulheres foi mais ou menos a mesma: "ela é uma vadia e tem que aprender", "não se anda vestida assim tão indecente na faculdade" e mais todo tipo de baboseiras conservadoras e reacionárias que se pode imaginar.

A questão aqui é hipocrisia. Hipocrisia pura. Pode apostar, caro leitor, dentre os que lá estavam certamente havia três categorias de seres humanos:

1- Moças um pouco frustradas com a própria falta de ousadia (ou quem sabe frustradas por não serem tão bonitas, atraentes ou carismáticas quanto sua vítima), enlouquecidas com a saia curta da garota.

2 - Rapazes não muito certos de sua masculinidade e querendo dar uma de machões, descontando na pobre moça, pois em grupo a testosterona masculina entra em ebulição (e é uma ótima oportunidade para gritar em voz grossa, acima de qualquer suspeita).

3 - Pessoas embriagadas e/ou as marias-vão-com-as-outras, que não souberam jamais cultivar o menor grau de critérios de julgamento e personalidade e gritaram irracionalmente (se um se jogar num abismo acho que todos se jogam juntos).

Quer dizer, na hora de partir pra cima de uma moça indefesa chamando-a de puta (e SE ela fosse realmente uma prostituta, o que é que você ou eu ou eles tem a ver com isso???), todo mundo é valente. E não só os que protagonizaram aquela cena deprimente, mas MUITA gente que viu ou soube e ainda apóia esse tipo de comportamento!

Se você é um desses que pensam assim, queria te perguntar o seguinte: A saúde pública tá boa? Tem leito e tratamento pra todos? A educação no País vai bem? As escolas públicas são um ótimo lugar para se estudar? A política de enfrentamento em todo o País tá legal? Tem ninguém inocente morrendo pela bala do Estado, né? O contribuinte não está pagando as regalias da classe política não, né? A União não vai gastar 36 bilhões em sucata militar nem sei mais quantos milhões com mais 7 mil vereadores inúteis não, né?

Quem dera que tivéssemos o mesmo grau de revolta e de ódio contra os governantes e políticos que todos os dias nos roubam e prejudicam tanto. Quem dera que numa mesma reação extrema, nós, como povo oprimido, pudéssemos nos revoltar contra tanto descaso, roubalheira e corrupção que está sendo jogada na nossa cara todos os dias e não fazemos mais do que nos conformar.


A entrevista com a Geyse foi publicada aqui:
http://blig.ig.com.br/cidadao_sos/2009/10/29/video-e-entrevista-da-puta-da-uniban/
Tem um artigo sobre isso aqui:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/10/457441.shtml
Tem um vídeo que assino embaixo aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=MWshuIBuTps&NR=1
Tem um texto interessante aqui:
http://brasilbrasile.blogspot.com/2009/10/puta-uniban.html

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Saúde mental em debate


Fiz essa charge especificamente para este artigo sobre Saúde Mental. Resolvi publicar o texto na íntegra para que a charge não fique muito sem contexto.

Manicômio Judiciário: quando duas faces se traduzem em nenhuma
por Anne Caroline de Almeida Santos

Qual identidade que possuem os trabalhadores de um Manicômio Judiciário? Talvez esta seja uma pergunta por demais ambiciosa, se pensarmos que estamos falando de uma instituição de caráter contraditório. Mas falemos de um momento – que talvez seja histórico – onde, uma vez mais, os trabalhadores da Saúde Mental encontram uma brecha e reúnem forças para organizarem-se. Aqui, especificamente, discutimos a organização dos trabalhadores da Saúde Mental como uma tentativa de re-politização da Reforma Psiquiátrica – e dizemos isto porque é sabido que o movimento, há tempos, abandonou seu caráter político, investindo tão somente em um aprimoramento técnico, que embora necessário, viu-se que não poderia prescindir da organização política.

Mas... e o Manicômio Judiciário nessa história toda? Por que não nos identificamos, de fato, com essa organização política? A ausência dos profissionais desta instituição nesse momento de organização dos trabalhadores da rede de Saúde Mental é reveladora de certa crise de identidade, que não está no âmbito do exercício profissional isolado ou em equipe, mas no do lugar que se ocupa em uma instituição como o Manicômio Judiciário. Na briga por uma identidade que melhor traduza um hospital-prisão, rejeitamos a ideia de uma prisão, mas não ocupamos os espaços na rede de Saúde Mental. Ou seja, ao cometermos o equívoco em optar por uma faceta ou outra, não ocupamos espaço algum: não somos vistos pelo Sistema Penal e inexistimos perante a rede de Saúde Mental. Não pertencemos ao processo de Reforma Psiquiátrica porque não nos apropriamos dele. Legitimamos o lugar que nos é relegado, ainda que subliminarmente: o lugar de fracasso da Reforma Psiquiátrica. O “lugar feio” que não pode competir com os “exemplos de sucesso” – porque bonito é mostrar na novela das oito o “Harmonia Enlouquece”...

Voltando para nossa realidade institucional, o esforço de conferir uma visibilidade ao Manicômio Judiciário não depende só dos gestores – onde há que se ressaltar que há pouco mais de dois anos pudemos notar uma substantiva mudança, no sentido de abraçarmos a Reforma, que partiu de uma gestão específica. Depende da vontade e força de mobilização do coletivo de trabalhadores deste espaço institucional. Depende de que estes trabalhadores não optem por um lado ou outro da moeda em uma instituição de caráter híbrido. Só assim seremos ouvidos e teremos condições para transformar. Só assim este ornitorrinco chamado Manicômio Judiciário poderá ser visto, compreendido e transformado a partir de políticas públicas que contemplem sua especificidade.

domingo, 25 de outubro de 2009

Lula lá!


"Caíram do cavalo os que apostavam na incapacidade (de Lula) de pensar, falar e agir como presidente da República, por ter formação escolar apenas básica. (...)

desta vez, foi proclamar em alto e bom som o que realmente são os partidos da base aliada:

"Quem vier para cá não montará governo fora da realidade política. Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão". (...)

Nem sua justificativa tosca ("Não tenho relações de amizade, mas relações institucionais") para a atual promiscuidade com figuras que o Lula do passado abominaria, como Fernando Collor, Renan Calheiros e Jader Barbalho. (...)

Agora ele acrescentou outras pérolas na mesma linha. P. ex.: "Não utilizo mais a palavra burguesia". (...)

Também é chocante ouvir Lula confessar que suas afirmações aparentemente tão convictas de outrora não passavam de papo furado: "Quando se é oposição, você acha, pensa, acredita. Quando é governo, faz ou não faz. Toma decisão".

Ou seja, se você não tem o poder, o que diz não passa de retórica inconsequente. Quando você está no poder, aí sim é que mostra quem realmente é, por suas atitudes. (...)

Depois disto, nada mais surpreende."


Leia o texto de Celso Lungaretti na íntegra em:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/10/457049.shtml

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nem tudo que reluz é ouro...


Desculpem a demora em atualizar o blog, ando muito ocupado com a faculdade...

Aí uma outra charge que fiz para a edição desse mês do jornal "A Nova Democracia".


"A cena não é incomum; ao contrário, é tão abundante quanto as bombas de morte e mutilação que o imperialismo faz cair onde quer que seus exércitos tomem a frente dos projetos de dominação: enquanto os chefes das potências e os senhores da guerra se reúnem em público para simular transigência — ou na surdina para arquitetar ataques impiedosos — um sem número de organizações, institutos, fundações e grupos auto-proclamados "independentes" põem na rua o bloco da "paz"."

Leia mais em: http://www.anovademocracia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2444&Itemid=105

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um continente em maus lençóis!



Essa charge eu fiz para o jornal "A Nova Democracia" desse mês.


O USA, agora sob Obama, se volta para a África como há tempos não se via. Três semanas depois da visita do chefe imperialista a Gana, país cuja gerência Washington quer apresentar como exemplo de colaboração com as potências, a secretária de Estado ianque Hillary Clinton chegou à África para sua mais longa viagem desde que assumiu o posto.

A Europa do capital também está no páreo. No final de agosto, logo depois da viagem de Hillary Clinton, a União Européia firmou um "acordo interino de associação econômica" com as Ilhas Maurício, Madagascar, Seychelles e Zimbábue, mediante o qual transnacionais européias ganharam salvo-conduto para explorar serviços estratégicos como telecomunicações, portos, energia e água.


Leia mais em: http://www.anovademocracia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2446&Itemid=105

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Enchendo uma linguiça básica...


Essa artezinha eu fiz pruma campanha do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE) aqui do Rio. Ouvi dizer que eles até coloriram e fizeram um banner com esse cartum.

Na verdade ia postar umas duas outras charges, mas não tô encontrando elas em nenhum dos meus emails (!!!), acho que vou ter que digitalizar de novo...

Na falta delas poir enquanto fiquem com essa aí.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

E no Dia da Criança...


Essa chargeta aqui eu fiz pra publicar aqui no Dia da Criança, mas só fui ter acesso a scanner hoje.

Bom, mas antes que a charge esfrie ainda mais, pelo menos fica aí como registro...

Ah, e com todo respeito aos palhaços..Rsrs

sábado, 10 de outubro de 2009

Charge minha em exposição na UFRJ


Essa charge eu fiz exclusivamente para exposição na Semana Surreal, que aconteceu essa semana no alojamento estudantil da UFRJ. O certo era eu ter postado isso aqui antes pra dar uma divulgaçãozinha, mas enfim...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Desgovernador vocifera contra o povo do Rio


Diariamente a população do Rio de Janeiro é submetida ao mesmo tipo de indignidade. O transporte público na capital fluminense é cada vez mais precário e já não atende às demandas mínimas do carioca, que é tratado pelas empresas e concessionárias de transporte público como se fosse gado. Seja nos ônibus, trens, metrôs ou barcas, os mesmos problemas se repetem, e a cada dia que passa a situação claramente se agrava.

A confusão e o quebra-quebra de ontem, simultâneos em algumas estações de trem do Rio, são reflexo de um povo que, apesar de pacato, já não suporta mais tanta humilhação. Essas empresas fazem o que bem entendem, não dão satisfações aos seus clientes, prejudicam milhares e milhares de pessoas. E parece que o Poder Público não vê ou não quer ver a tensão que se avoluma.

Como se não bastasse, o governador Sergio Cabral fez essa declaração infeliz: "Nós estamos em cima desses responsáveis por essa balbúrdia porque isso prejudicou o Rio de Janeiro e nada justifica o vandalismo."

Nada justifica, governador...???

Nem se levarmos em consideração que milhares de trabalhadores todos os dias são obrigados a se sujeitar aos constantes atrasos dos trens, linhas de metrô interrompidas por muitos minutos, super-lotação nos metrôs e trens, barcas com o dobro da lotação máxima, chicotadas e outras situações indignas e quando muito desumanas? É a "balbúrdia dos vândalos" que prejudicou o Rio de Janeiro ou é a balbúrdia cotidiana, deprimente e desumana causada pela ausência do Estado?

Por que o senhor não experimenta aderir ao belíssimo movimento pendular que é acordar às 4 da manhã e viajar de Santa Cruz à Central num trem lotado? Ou ainda experimentar a delícia que é esperar mais de 40 minutos porque a barca atrasou? Ou quem sabe ficar preso duas horas no engarrafamento monumental na Avenida Brasil sentido Campo Grande, apenas no trecho Leopoldina-Caju? Ou talvez gostaria de apreciar a superlotação do metrô às sete horas da manhã?

Imagino que não fará nada disso, uma vez que continuará apreciando o drama do povo carioca do alto de seu confortável helicóptero de última geração, que, diga-se de passagem, custou aos cofres públicos a bagatela de não menos de 12 milhões de reais.

Aliás, ouvi dizer que o problema de transportes no Rio não se resolve justamente porque muitos dos políticos eleitos por nós estão de rabo preso com os empresários do setor, que doaram volumosas quantias para se fazerem representar.

Governador, governador, até quando essas políticas antipovo vão perdurar?



P.S.: Enquanto escrevo esse desabafo, nesse exato momento ouço a notícia de que os trens da Central estão parados, em pleno horário de rush, e a população, mais uma vez protestando e revoltada, está sendo expulsa do pátio da Central pela força policial ostensiva.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Professor Pedro Rocha


Esse é o mascote oficial que desenvolvi para o Museu de Geodiversidade da UFRJ. A idéia era deixar de lado a tendência geral de usar animais pré-históricos, como dinossauros. A proposta conjunta de um "professor de pedra inspirado levemente em Darwin" foi bem apropriada ao Museu de Geodiversidade.

O mascote, bem como outras ilustrações de alunos da Escola de Belas Artes que como eu estagiam no Museu, compõe trabalho para o 6º Congresso de Extensão da UFRJ, cujo tema é "Há Validade nos Mecanismos de Arte em Um Museu de Ciência?", que provavelmente será apresentado amanhã por este que vos fala...

domingo, 4 de outubro de 2009

Uma lei inconsequente



Essa charge eu fiz a propósito do debate da última quarta feira sobre o livro "Uma Gotade Sangue", do sociólogo Demétrio Magnoli.

"Para o coordenador nacional do Movimento Negro Socialista, dar direitos diferentes para cidadãos iguais vai contra a construção de uma sociedade igualitária e resulta na repetição de erros do passado que produziram massacres de populações. José Carlos Miranda rejeita a política de cotas para negros e a criação de um Estatuto da Igualdade Racial e explica que, a pretexto de corrigir injustiças do passado, bebe-se nos mesmos argumentos racistas para pedir que negros tenham tratamento diferenciado".

Fonte: http://bandnewsfm.band.com.br/impressao.asp?ID=179864