quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Segurança" pública do Rio faz mais uma vítima


"Felipe, morador da Maré, morre com tiro na cabeça dado pela Polícia Civil"

"Por volta das 11h de hoje, Felipe dos Santos Correia de Lima, de 17 anos, morador da Baixa do Sapateiro, Complexo da Maré, foi executado com um tiro na cabeça dado pela Polícia Civil, na Rua 17 de Fevereiro, rua em que morava. Segundo testemunhas, eram cinco policiais que chegaram na mais famosa blazer branca, carro já temido por todos da área. Este carro percorre já há algum tempo, as ruas da favela. Gilmara Francisco dos Santos, mãe de Felipe, ainda muito abalada pelo ocorrido, em lágrimas, conta como levaram seu filho para o hospital.

“Isso é uma injustiça. Ele tinha acabado de acordar e saiu para a rua. Os policiais chegaram e atiraram nele. Na hora, não deixaram os moradores socorrerem o menino, todo mundo queria socorrer, e eles não deixaram. Colocaram dentro do carro e foram embora, a tia dele conseguiu ir no carro. Quando ele chegou no Hospital Geral de Bonsucesso, ainda estava vivo, mas a polícia não deixou os médicos atendê-lo, ele ficou lá gemendo e não deixaram ele ser atendido”.

Felipe era estudante e trabalhava em uma lanchonete próxima a sua casa. Natália de Brito, também moradora do local, fala de sua revolta. “Eu estava na rua indo para o trabalho, não teve tiroteio como estão afirmando, isso não é verdade. Isso é uma injustiça, eu sou contra essa política de segurança, o que existe é extermínio, a polícia vem e mata, é isso o que acontece.

Isso é a banda podre da polícia, são todos corruptos. E nós moradores, queremos deixar bem claro que Felipe era trabalhador, vendia cachorro-quente, era estudante, todos gostavam dele, a prova disso é que todos os moradores foram em cima, todo mundo foi para a rua”. Ainda não foi confirmado o horário e o local do enterro de Felipe. Moradores querem se organizar e protestarem no enterro."


Fonte: http://www.redecontraviolencia.org/Home

Taí. Mais uma vítima da incessante violência policial contra os pobres no Rio de Janeiro. Outro dia na Maré foi um menino de 8 anos, ontem foi um jovem de 17, tanto faz. O importante é que a juventude negra e pobre das favelas vai sendo trucidada, de pouquinho em pouquinho, nesses casos que raramente tomam grandes proporções na mídia-burguesa-reacionária. Ou seja, daqui a pouco todo mundo esquece.

Não creio, contudo, que todos os policiais sejam corruptos. Mas é a POLÍTICA DE SEGURANÇA DO GOVERNO CABRAL, essa sim, é corrupta, que precisa de policiais corruptos pra funcionar, pra tocar o rebu, pra aterrorizar morador de favela, pra ser conivente com milícia, pra pegar propina, pra fazer showzinho pirotécnico de bang-bang e dar a sensação de segurança sem se importar se vai atingir o pobre coitado do cidadão, do morador.

Essa tática de enfrentamento pau a pau é imbecil, acéfala, patética e ineficiente.
Isso, claro, supondo-se que houvesse um enfrentamento nesse caso. Mas não. Apenas um garoto, outro de nossos garotos, outro filho do povo, outro inocente teve sua vida tirada de forma brutal, cruel e injustificável pelos agentes que deveriam exercer o papel de protetores desse mesmo povo.

O que mais me revolta é que na maioria desses casos esses monstros ficam impunes, ou pegam penas leves. E é mais uma bala que o Estado brasileiro dispara contra seus filhos, mais sangue nas mãos desse horrendo e assassino Estado brasileiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabens Diego.
O que vemos é a repetição da mesma tática aplicada pelo Estado em todo o Brasil: A constante e reforçada criminalização da pobreza, o incremento do Estado policial, visando a segregação cada vez maior das classes empobrecidas e perigosas para eles. Essa é uma demanda tanto do imperialismo como das classes dominantes nativas, que para manter e aprofundar sua dominação recorre a métodos cada vez mais fascistas, como o extermínio dos indesejáveis, a retirada dos direitos do povo, o encarceramento, tortura, etc.

O maior crime é ser pobre, camponês pobre é “invasor vândalo”, vendedor ambulante é “sonegador de impostos”, e os que vendem cds não autorizados são acusados de financiar o tráfico, e o povo das favelas é todo tratado como bandido, traficante. Falam das armas usadas pelos traficantes, mas em nenhum momento questionam que são os maiores negociantes de armas e drogas no mundo, negócios que figuram entre os mais importantes e lucrativos do capitalismo.

Mas a tendência, e isso vem sendo observado há algum tempo, é que essas explosões de massas ganhem em tamanho e consciência. Que cada vez mais as classes populares se unam e forjem uma direção conseqüente para a luta pelos seus direitos usurpados, contra a repressão e contra o próprio Estado que não as representa, construindo uma verdadeira luta sem estes politicos em nosso país.