sábado, 20 de dezembro de 2008
Formação de quadrilha
A Guerra Mundial Africana
"Para o analista congolês Muzong Kodi, do centro de pesquisa internacional Chatham House, as rivalidades étnicas são uma "cortina de fumaça". "As causas fundamentais do conflito são a guerra dos minerais, que nunca foi discutida nas negociações de paz e a impunidade das violações humanitárias".
Kodi vê com receio a perspectiva de envolvimento dos países da região no conflito. Na Cúpula sobre a Paz no Congo, recém-realizada no Quênia, os africanos criticaram a inércia da ONU e prometeram mandar tropas, se necessário. O Conselho de Segurança da ONU afirma haver consenso sobre o envio de reforços. Mas, enquanto os países desenvolvidos resistem em ceder militares, os africanos mobilizam suas tropas. Após a derrota da diplomacia francesa, que tentou articular o envio de soldados europeus, Angola anunciou nesta semana que seu Exército já está em estado de alerta. Teme-se uma escalada da violência, como a que ocorreu entre 1998 e 2003, quando seis Exércitos lutaram na guerra civil congolesa. O conflito, também chamado de Guerra Mundial Africana, deixou 5 milhões de vítimas, a maioria civis mortos pela fome ou por doenças, em meio ao fogo cruzado.
Para o coronel Jean-Paul Dietrich, porta-voz da Monuc, a presença de tropas estrangeiras fora da bandeira da ONU agravaria a situação no Congo. Conflitos de interesses persistem, apesar do fim formal das hostilidades, em 2003. "Creio que Ruanda se aproveitou da fragilidade do Estado congolês para escavar as minas no limite da legalidade", diz o militar. A reconciliação dos países, segundo ele, passa também pelo julgamento das milícias hutus acusadas do genocídio de 1994. A despeito de um acordo bilateral, há indícios de que o Congo coopere com os milicianos, que combatem Nkunda. A paz armada nos Grandes Lagos pode ser prelúdio da "segunda guerra mundial" africana, como temem Kodi e Dietrich, ou início de uma solução regional, diante da falência da ONU."
Fonte: Rede Contra a Violência, 16/11/2008
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